Os peixes pulmonados, nos países de língua inglesa, são chamados de lungfish, salamanderfish ou mudfish, sendo um tipo de peixe de água doce mais conhecido por sua capacidade de viver em terra, sem água, durante meses, e às vezes até anos. Tal espécie de peixe tem um sistema respiratório altamente evoluído que pode tomar oxigênio diretamente do ar, assim como os animais terrestres. Na verdade, algumas espécies de peixes pulmonados são tão acostumados a respirar ar que eles lentamente perdem a função de suas brânquias. Enquanto eles ainda vivem na água, precisam regularmente chegar à superfície e respirar. Estes peixes podem mesmo se afogar se são mantidos debaixo d’água por um longo tempo.
Peixe pulmonado em seu casulo fora de sua toca | Crédito da foto
São chamados cientificamente de dipnoicos (também chamados de Dipnoi ou Dipneusti), designação dos peixes da classe dos sarcopterígios (Sarcopterygii), isto é, peixes ósseos que podem ser pulmonados facultativos (respiração branquial quando há água e respiração pulmonado quando não há água) ou pulmonados obrigatórios. Os peixes dipnoicos são especiais pelo fato de terem como órgão primário de respiração um pulmão especializado que não possui brônquios, sendo capaz de extrair oxigênio diretamente do ar atmosférico, sendo verdadeiros ‘fósseis vivos’, exemplos de como se deu a evolução da respiração aquática para a aérea.
Processo que o peixe pulmonado utiliza para fazer sua toca | Crédito da foto
Os peixes pulmonados têm os corpos alongados, como enguias, com as aletas peitorais e pélvicas que usam para nadar e rastejar no solo. Eles geralmente habitam águas rasas, como pântanos, charcos e mangues, mas também são encontrados em lagos maiores. No Brasil, temos a pirambóia (Lepidosiren paradoxa), único peixe com pulmão que ocorre no Brasil, e vive em regiões alagadas e pantanosas da Amazônia, Mato Grosso do Sul e também no rio Prata, no Paraguai, e foi descrito como um réptil em 1836, quando da sua descoberta. Essas criaturas confundiram os pesquisadores por muitos anos, até serem enquadrados como peixes, na classe de dipnoicos.
Quando há água, o peixe pulmonado se comporta como qualquer outro peixe, nadando nas águas e comendo pequenos peixes e crustáceos no fundo de lagoas e córregos.Durante a época das chuvas o peixe cresce e engorda, devido a grande quantidade de alimentos. Com a estiagem e, consequentemente, com a baixa das águas, deixa de se alimentar e mergulha na lama; cava um canal de até 1 metro de profundidade no lodo, engolindo a lama e empurrando para fora pelas suas brânquias e este canal terminara numa câmara que varia de tamanho de acordo com as dimensões do peixe, e secretará um muco para fora de sua pele. Uma vez que o muco endurece, formará um casulo protetor em torno dele.
Modelo gerado em computador de um peixe pulmonado em sua toca
Metido nesse buraco, o peixe continuará a viver exclusivamente a custa da respiração, tornando-se pouco ativos. Embora o animal gaste pouca energia durante a estivação, o metabolismo é mantido e este consome a energia das proteínas musculares, normalmente os peixes pulmonados ficam menos de seis meses em estivação, mas podem permanecer neste estado até quatro anos sob condição da estivação forçada. Quando a chuva retorna, os peixes estão fracos e perderam muito peso, mas tornam-se ativos rapidamente alimentando-se vorazmente e em menos de um mês voltam ao seu tamanho e peso anteriores à seca. Na África, o peixe é comido pelos moradores locais, que costumam cavar o peixe do solo seco. O peixe é dito ter um sabor forte, e não é apreciado por todos.
Um peixe pulmonado da espécie Protopterus aethiopicus no Toba Aquarium, Mie-ken, Japão | Crédito da foto