(Foto: Reprodução) |
Um estudo recente apontava que 55% dos
brasileiros confundiam o Facebook e a internet, o que é algo extremamente
conveniente para a empresa. Afinal de contas, quando o usuário não consegue
fazer a distinção entre as duas coisas, é muito mais fácil cercá-lo dentro de
seu ecossistema para rentabilizar o seu acesso.
A empresa já deixou muito claro, ainda
que indiretamente, sua intenção de concentrar a internet dentro de seus muros,
por meio de várias ações, que incluem copiar serviços de sucesso ou simplesmente
comprá-los. Aqui estão alguns exemplos:
Instant Articles
Poucos elementos do Facebook são tão
explícitos em sua intenção de concentrar a internet quanto os artigos
instantâneos. O usuário não precisa sair da rede social nem mesmo para ler
notícias e matérias.
Ao mesmo tempo em que usuários
precisam sair do Facebook cada vez menos para ler, a empresa ainda se intromete
em um negócio extremamente tradicional do Google: os banners de publicidade.
Com o conteúdo agora limitado a sua própria plataforma, a rede social pode
lucrar com anúncios de formas que antes não seria possível.
Mensagens
Uma parte sempre importante da internet são os
serviços de mensagens. Desde os primórdios da internet comercial, o público
sempre adorou serviços como Yahoo Messenger, mIRC, ICQ, MSN Messenger e até
mesmo o lendário bate-papo do UOL.
Hoje em dia, isso não mudou, e o Facebook sabe
disso. Tanto é que hoje a empresa controla os dois principais mensageiros do
mundo: WhatsApp e Facebook Messenger. Pense no tanto de informação que não
circula por esses serviços e quanto a empresa não aproveita esses dados para
aumentar suas receitas.
O caso Snapchat
O Snapchat talvez seja o maior expoente de
aplicativo que não tenha se dobrado às vontades do Facebook, e provavelmente
vai pagar caro por isso. Estima-se que a oferta para aquisição rejeitada tenha
chegado aos US$ 3 bilhões.
Hoje o Snapchat está avaliado em US$ 20 bilhões,
com IPO programado para breve. O problema é que o Facebook está investindo
pesado para tornar o principal recurso do concorrente, que são as publicações
efêmeras, irrelevantes, fazendo com que ele seja parte de literalmente todos os
serviços do Facebook. A rede social terá isso, o WhatsApp terá isso, o
Messenger terá isso e o Instagram Stories já está roubando usuários aos montes.
Do jeito que as coisas estão, os fundadores do Snapchat vão se arrepender de
não ter vendido o app há alguns anos.
O Snapchat é só um exemplo de como age o Facebook
ao ver um novo serviço popular surgindo na internet. Junte-se a eles ou enfrente
as consequências.
YouTube, TV e qualquer plataforma de vídeo que se
cuidem
Hoje parece que não existe uma competição entre
YouTube e Facebook, mas o fato é que a empresa de Mark Zuckerberg quer há muito
tempo concentrar o mercado de vídeos dentro de seu ecossistema.
Para isso, o Facebook impulsiona o alcance de
vídeos publicados nativamente e “boicota” posts com links para o YouTube. A
rede social terá, sim, uma área dedicada a vídeos, que tornará mais fácil a
busca, e pretende começar a qualificar o seu conteúdo investindo em material
original e pagando usuários uma fatia das verbas publicitárias conseguidas.
Não só isso: o investimento em vídeo ao vivo também
é uma sinalização de que outros serviços como Twitch e quaisquer outras
plataformas de transmissão ao vivo. Inclusive, veja só, a TV. Quanto tempo até
o Facebook começar a incluir eventos esportivos e outros tipos de materiais que
você só encontra em emissoras de televisão?
Atualmente, o Facebook se sustenta principalmente
por meio de posts patrocinados e banners, mas o que anunciantes realmente
querem é a possibilidade de exibir publicidade em vídeo. É onde está o grosso
da verba publicitária. Para continuar crescendo, a empresa quer esse dinheiro
que hoje está concentrado na mão da TV, e que está aos poucos migrando para o
YouTube.
Realidade virtual
Uma das grandes aposta da indústria de tecnologia
no momento é a realidade virtual, que além de oferecer novas experiências em
jogos, também permite "viajar" e conhecer lugares diferentes sem sair
de casa. O Facebook já tem seus dois pés na tecnologia graças à compra da
Oculus VR e seu produto, o Oculus Rift, e pretende usá-la como uma nova forma
de mediar interações sociais.
O Facebook também estimula a produção e consumo de
conteúdo em 360 graus, justamente pensando em um mundo em que o acesso aos
visores de realidade virtual será mais difundido.
Até a previsão de tempo!
Um dos serviços mais utilizados em celulares é o de
previsão do tempo. O recurso é subestimado, mas é uma parte fundamental do dia
de muita gente: antes de sair de casa, dar aquela olhadinha no aparelho para
saber se vai chover.
Agora o Facebook também concentra a função dentro
de seu aplicativo. Mais do que apenas um favor para os usuários, o recurso
também é estratégico por dois motivos:
- Garante
que o usuário vai abrir o app uma vez por dia;
- Força
a pessoa a ativar os serviços de localização do Facebook
Com isso, a empresa só tem a ganhar, mantendo o
usuário ainda mais preso ao ecossistema e recebendo mais informações sobre ele
no processo, que permite direcionar melhor os anúncios e faturar mais com isso.
Transferência de dinheiro
Até mesmo o PayPal está na mira do Facebook. Embora
o recurso ainda não tenha sido implantado no Brasil, em outras partes do mundo
o Messenger já atua como um mediador de transferência de dinheiro.
Claro que isso é só uma parte de um plano maior
de se tornar uma plataforma de pagamentos para o comércio eletrônico, aliado ao
avanço dos chatbots. O Facebook pode passar a intermediar transações
monetárias, e o plano já está em andamento.